A Light (LIGT3) pode estar mais próxima de pedir recuperação judicial. É o que avaliam especialistas, após a empresa elétrica anunciar nesta semana dívida de aproximadamente R$ 11,1 bilhões e ajuizar medida cautelar exigindo a suspensão de certas obrigações financeiras.
Analistas vêm apontando a fragilidade financeira da companhia, que registrou prejuízo líquido de R$ 5,67 bilhões no ano passado e tem geração de caixa insuficiente para pagar toda a dívida até o final da concessão de distribuição em 2026.
O advogado de direito empresarial, Henrique Armando, afirma que a medida solicitada agora pela Light é um mecanismo de “pré-insolvência”. “É uma forma de renegociar o passivo da empresa por meio do procedimento de mediação, visando evitar o ajuizamento da recuperação judicial propriamente dita”, explica.
Ainda que a Light busque maneiras de evitar a recuperação, o sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, Marcelo Boragini, diz que pode ser um caminho preparatório para o pedido. Isso porque ela já busca negociação de dívidas na esfera judicial.
A empresa elétrica informou nesta quarta-feira (12) que recebeu notificações da Pentágono, Morgan Stanley, XP Investimentos, Vórtx, e Simplific Pavarini sobre o vencimento antecipado de dívidas.
Romeu Amaral, advogado mestrado em direito comercial e professor no Ibmec, ainda ressalta que a medida cautelar pressupõe o ajuizamento de uma ação principal posterior. Esse, por exemplo, foi o caminho adotado pela Americanas (AMER3), que entrou em recuperação em janeiro deste ano. Antes do pedido, a varejista também ingressou com uma cautelar para suspender cobranças.
“É muito provável que a Light esteja, sim, próxima de um pedido de recuperação judicial, que pode estar em vias de ser protocolado”, afirma Amaral.
Deu ruim para a Light?
A Light já reconheceu uma “situação operacional e financeira complexa” com a divulgação do último balanço e explicou que o resultado foi impulsionado pelo elevado endividamento, geração de caixa insuficiente e alto índice de furtos de energia.
Na última semana, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating da empresa e de suas subsidiárias de B3 para Caa3, implicando em elevada probabilidade de inadimplência, com uma taxa média de recuperação dos devedores entre 65% e 80%.
Segundo Camilla Dolle e a equipe de analistas da XP Investimentos, a perspectiva negativa reflete as incertezas quanto às perdas esperadas aos credores, que podem se deteriorar dependendo da estratégia financeira adotada.
As analistas afirmam ainda que a liquidez da elétrica está “apertada” diante dos requisitos contínuos de investimentos para manter a qualidade da concessão e os serviços de dívida programados, de R$ 1,2 bilhão em 2023 e R$ 2,6 bilhões em 2024.
Há opções melhores que Light
Boragini, da Davos Investimentos, afirma que o compilado de notícias negativas quanto à saúde financeira da Light gera desconforto aos investidores. Segundo o especialista, o cenário é “bem delicado” para a elétrica.
No acumulado de 2023 até o fechamento de terça (11), as ações da companhia desvalorizam 51,4%, enquanto o Ibovespa recua 3%.
Para os investidores que gostam do setor elétrico, Boragini afirma que há outras opções mais seguras no curto prazo. Ele destaca Alupar (ALUP11), Eneva (ENEV3), Copel (CPLE6) e Cemig (CMIG4).
A medida cautelar
Na medida cautelar ajuizada pela Light na terça-feira (11), a companhia pede a suspensão dos pagamentos de debêntures, empréstimos, operações de derivativos e outros:
Além disso, a elétrica solicita a instauração de procedimento de mediação coletiva com as partes em torno das obrigações financeiras.
Publicado por Money Times