Atualmente, a marca de chocolate é controlada pela gestora americana Advent
A Nestlé está muito próxima de concluir a compra da marca de chocolates Kopenhagen, disse uma fonte à Folha. O contrato, contudo, ainda não foi assinado.
A marca brasileira Kopenhagen é controlada pela gestora americana Advent International desde 2020.
Procuradas, Nestlé e Kopenhagen disseram que não podem se manifestar antes da conclusão da aquisição.
Caso confirmado, o negócio, que inclui a Brasil Cacau, do mesmo controlador, ocorre cerca de três meses após o tribunal do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovar a compra da Garoto pela Nestlé. A briga judicial envolvendo a aquisição se arrastava desde 2004.
O negócio, que somava R$ 1 bilhão, foi anunciado em fevereiro de 2002, mas vetado pelo Cade em 2004, uma vez que as empresas teriam juntas quase 60% do mercado de chocolates no Brasil.
A multinacional suíça recorreu à Justiça. Hoje, Nestlé e Garoto já não dominam o setor como antes.
Um dos termos do acordo que encerrou a briga judicial estabelecia que a Nestlé se comprometia a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.
A Kopenhagen possui, somada à Brasil Cacau, mais de 800 lojas no Brasil.
Para o advogado Romeu Amaral, especialista em fusões e aquisições, a compra da Kopenhagen pela Nestlé é bem diferente do negócio envolvendo a Garoto. “Para o Cade, o que interessa mais é o mercado relevante, que é o impacto para o consumidor final”, diz.
Ou seja, a autarquia procura evitar monopólio e controle de preços. No caso da Kopenhagen, o perfil do consumidor é distinto, então, a Nestlé não estaria retirando do mercado um concorrente direto.
O advogado José Antonio Miguel Neto, que atua diretamente em operações de fusões e aquisições em seu escritório, também chama a atenção para o fato de Nestlé e Kopenhagen terem canais de distribuição diferentes.
Enquanto a Nestlé vende seus produtos para distribuidoras, que entregam para estabelecimentos como supermercados, a Kopenhagen tem suas lojas físicas, onde vende produtos diretamente para o consumidor final. Além disso, o especialista não enxerga nenhuma forma de a aquisição resultar em um aumento de poder para mudar preços de matérias-primas dos fornecedores.
Por outro lado, Miguel Neto diz que pode dar problema, no âmbito judicial, a possibilidade de a multinacional suíça passar a comercializar seus produtos nas lojas físicas da Kopenhagen, e esta colocar suas mercadorias no supermercado, por exemplo. Isso pode levar o Cade a impor certos remédios, ou restrições, à aquisição.
Recentemente, a Nestlé anunciou um aumento de investimento no Brasil no total de R$ 2,7 bilhões até 2026. O intuito, segundo a companhia, é expandir no país as suas fábricas de chocolates e biscoitos, que correspondem a uma fatia relevante da empresa.
Publicado por Folha de São Paulo