A Câmara dos Deputados aprovou, por 365 favoráveis, o texto-base da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que promove uma reforma no sistema tributário brasileiro. O texto deve ser promulgado na quarta-feira (20).
Com o objetivo de simplificar o sistema tributário, a PEC prevê a substituição de cinco tributos por dois Impostos sobre Valor Agregado (IVAs). A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) irá unificar o IPI, PIS e Cofins, e terá gestão federal; enquanto o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) irá unificar o ICMS (estadual) e ISS (municipal), com gestão compartilhada entre estados e municípios.
O texto também institui o Imposto Seletivo, que incidirá sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Nesse novo modelo, os impostos não serão cumulativos ao longo da cadeia de produção, ou seja, o imposto que foi cobrado em uma etapa da atividade não será abatido da próxima.
As alíquotas dos impostos serão posteriormente definidas através de lei, mas o Senado irá editar uma resolução para estabelecer valores de referência enquanto a referida lei não entrar e vigência.
O período de transição da reforma perdurará até 2032, e em 2033 os impostos atuais serão extintos.
A PEC ainda estabelece um corte de 60% de tributos para 13 setores, sendo eles: serviços de educação, serviços de saúde, dispositivos médicos, dispositivos de acessibilidade para pessoas com deficiência, medicamentos, produtos de cuidados básicos à saúde menstrual, serviços de transporte coletivo de passageiros rodoviário e metroviário de caráter urbano, semiurbano e metropolitano, alimentos destinados ao consumo humano e sucos naturais sem adição de açúcares e conservantes, produtos de higiene pessoal e limpeza majoritariamente consumidos por famílias de baixa renda, produtos agropecuários, aquícolas, pesqueiros, florestais e extrativistas vegetais in natura, insumos agropecuários e aquícolas, produções de eventos, artísticas, culturais, jornalísticas e audiovisuais nacionais, atividades desportivas e comunicação institucional, e bens e serviços relacionados a soberania e segurança.
O trecho que cria uma cesta básica nacional de alimentos isenta de tributos foi mantida pelos deputados. O texto ainda prevê a edição de uma lei complementar para definir quais serão os produtos que farão parte da cesta.
O dispositivo que permite a devolução de parte dos impostos pagos, também conhecido como cashback, também foi mantido. O texto prevê a possibilidade de criação futura, por meio de lei complementar.
Trechos alterados
Por fim, com o objetivo de eliminar a necessidade de uma nova análise do texto e permitir a promulgação imediata da PEC, os deputados retiraram alguns trechos que haviam sido incluídos, entre eles aquele que previa a criação, no lugar do IPI, de uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para manter a competitividade da Zona Franca de Manaus (ZFM), o que previa a criação de uma cesta básica “estendida” com impostos reduzidos; e aquele que premiava estados que mais arrecadassem durante a transição da reforma.